quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O campo e a cidade


O interior do Estado de São Paulo parece uma viagem para campo para quem sai da capital e vai para lá. Não que seja preconceito. Aliás, é até um elogio se comparado com a eloqüência da capital. Sou do interior. De raiz sertaneja, sim senhor. Cidade de Sertãozinho. Mas vivo na metrópole.

Lá vejo coisas ainda campestres ou extraterrestres, para um paulistano comum. Deixar o portão aberto o dia todo sem medo do senhor ladrão. Não que eles não existam por lá. Mas eles também têm outra genética. Não costumam desrespeitar o conterrâneo durante o dia, que torce para o mesmo time de futebol, freqüenta também o Estádio Frederico Dalmazo para assistir o Touro dos Canaviais, por exemplo.

Se bem que alguns profissionais metropolitanos estão ensinando novas táticas. Ao invés de aparelhos de cd de automóvel e bater carteira, um assalto à casas, um roubo à lojas, roubos de carro aumentando.

Mas ainda assim andamos de vidro aberto no carro, o vizinho entra na sua casa e você na dele sem tocar a campainha. Meio invasivo. Mas meio campestre. Almoço em família ainda existe, não se costuma usar VR (quase não tem por lá), muitas vezes se descansa meia hora em casa durante o intervalo de expediente, amigos de infância ainda existem, anda-se de bicicleta tranqüilo e pode se fazer caminhada na praça central...linda, iluminada, cheia de pássaros, de gente, de sorveteria, de conhecidos. Coisa boa, né.!

São Paulo bota medo neles. Pensam em carro com o vidro fechado, enchentes, congestionamento, roubo a qualquer hora e qualquer lugar, seqüestro...vez outra relâmpago. Vizinho que nunca viu, não conhece. Megalomanias. Balas voando sem sentido e sem rumo. Faroeste urbano mesmo. Para alguns deles, que conhecem pouco a capital, é quase assim. Na cidade as coisas são mais caóticas. No campo elas são de outra ótica.

Eu, sete anos em São Paulo (um campestre pseudo-metropolitano). Minha família, a vida no interior. Um assalto no trânsito da capital pela primeira vez presenciada pelos meus familiares campesinos. Pânico. Medo. Espanto. Indignação total. Absurdo dos absurdos E eu disse para eles...”é que vocês nunca viram isso, é normal, acontece direto, já vi vários, é tranqüilo...é só não demonstrar medo”. Mutação social estranha! Mutação pessoal caótica!
(Marcelo Tárraga)
*demorei para atualizar, mas não ocorrerá novamente, rs...

Um comentário:

Anônimo disse...

Geralmeste as pessoas que vem do campo acabam se mudando para as regiões mais centrais da cidade de São Paulo. E nela é meio assim mesmo, esse caos paralisant,m um sequestro, um assalto e muita impessoalidade. Mas São pAulo é grande demais, tem bairros demais - e em alguns deles existe um quê de camaradagem, de crianças brincando na rua, de gente que até deixa a porta aberta. É uma São PAulo bairrista que alguns não conhecem...