segunda-feira, 14 de abril de 2008

O meu boi, a sua arroba e o nosso pasto



Um dia eu tive um boizinho. Dei capim, dei amizade, dei dinheiro para sua carcaça melhorar, para o seu corpo robustar. Era apenas um boizinho. Sozinho entre tantos outros bois ao lado. Que por sua vez também eram sozinhos. Ganhavam vacinas para não ficar doentes. Ganhavam estudos genéticos para ficarem mais “inteligentes”. Dia-a-dia ganhavam casa nova. Mais investimento e cuidados com suas moradas. Um boi amigo. Quietinho. Quando a gente chegava perto deles pareciam que nos entendiam. Mesmo que a Língua Portuguesa fosse diferente do “ruminantês”. Eles diziam os seus diversos “múús” e nos entendíamos de uma certa forma.


Mesmo assim, eles tinham sempre um olhar desconfiado. Tinham também um futuro pela frente...crescer, ficar mais forte, constituir filhos. Mas para qual finalidade?
Mas e sua finalidade, qual é? E a minha? Crescer e morrer? Igual ao boizinho?!!??! Sim. A resposta é sim. Nascer, crescer, viver e morrer. Igual ao bonzinho boizinho.


Vivemos no mesmo pasto, que às vezes fica mais bonitinho. Estudamos para melhorar a carcaça. Nos vacinamos para espantar o nosso abate antecipado. Vivemos sozinhos até mesmo na rua com um monte de gente ao lado.


Tadinho dos boizinho! Suas vidas passam a ser preços, arrobas, vendidos em um mercado mundial. Tadinho dos boizinho, eles são criados para morrer. Para depois a gente comer. Quanta maldade!!

E você...não tem o seu preço? Sua carcaça não tem um valor no mercado mundial? Uma hora seremos abatidos, igual ao bonzinho boizinho amigo. Quanto custa a nossa arroba? Ou seria Kilo?


Nossa!!! Quanta maldade com a gente, né!! Ou seria com o bondoso boizinho?!