terça-feira, 30 de setembro de 2008

A briga no morro- Parte I

A disputa da cidade, da legenda e do comando

O sangue escorria pela boca do papagaio. Quem bateu foi o Tucano. Chefe do bando dos tuiuiús do Morro da dona Marta. A própria dona Marta já não morava mais lá. Nem sabia quem batia e quem morria.

O tucano também já estava meio sem moral no morro, mas mesmo assim ainda insistia em fazer o sangue jorrar nas noites que chegavam.

O papagaio vinha ganhando cada vez mais espaço dentro da comunidade. Ainda era pequeno, chefiava o local há menos de dois anos. O bicudo colorido já tinha muito experiência, já havia comandado por anos diversas comunidades e agora estava querendo o morro da dona Marta. Poucos sabiam onde a própria Martinha andava, porém sem mais nem menos, ela apareceu com o mesmo bando de antes, quando originou o nome do local, para tentar brigar de novo pelo ponto que levava sua graça.

Ela já teve moral com os mais necessitados e ainda tem o respeito de alguns do morro. O problema é que o sangue está escorrendo por todas as noites dentro de lá e ela está meio confusa com a tática que terá de usar. A munição vai ter que ser pesada. O tucanão tá mandando bala direto, já acertou até em quem não devia; a todo custo ele ta querendo invadir e tocar o terror. O cara sempre respeitou a população, mas agora andou cuspindo demais em todo mundo, fora que estava um pouco afastado da boca e da galera e daí perde-se a credibilidade.

O papagaio é que quietinho tá ganhando cada vez mais comparsa, tá fazendo alianças e agindo no escuro. A muié ta botando o exército para ferver na entrada do morro e ainda por cima está com o apoio do Zé da barba, que chefia a favela nacional Amazônia. Cara da pesada. A briga vai ser boa. O sangue promete rolar solto pelo controle do local.